OS VINTE ANOS DOS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO

A volta do Talibã ao poder no Afeganistão e a disputa com outros grupos terroristas como o Estado Islâmico traz nova apreensão nas sociedades democráticas. Esse acontecimento marcante coincide com a lembrança dos 20 anos dos ataques aos Estados Unidos.

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001 ficou claro que o terrorismo mudou o de foco em relação às décadas de 1970/80, quando a inspiração era nacionalista e de radicalismo político. O terror impõe determinada forma de concepção de mundo e tenta eliminar o pensamento ou estilo de vida diferente. A ideia do terrorismo que se apropria da religião islâmica é da destruição em nome de “Deus”. O conceito mais atual de terror tem origem após a Revolução Francesa e passa pelos regimes nazista e soviético. O terrorismo pode ser definido como uma demonstração e imposição de força, poder, domínio, humilhação e medo. Mais do que causar mortes, a estratégia é: “mate alguns e assuste um milhão”.

É muito comum um ataque terrorista ser entendido como uma obra de um doente mental, mas a grande maioria dos terroristas não tem um diagnóstico. Terroristas são racionais, pesam os prós e contras seus atos, que geralmente ocorrem após anos de planejamento.

Terroristas submetem-se a líderes e abrem mão de uma identidade pessoal em nome de uma grupal. Os atentados terroristas realizados por radicais islâmicos geralmente são atos suicidas espetaculares com base na recusa do avanço da história. Tenta-se nostalgicamente um retorno a uma atmosfera religiosa rígida que não funciona mais. Sobra ódio para a liberdade sexual, para as conquistas de minorias, para o avanço do reconhecimento da força das mulheres na sociedade, enfim, para a democracia.

O psiquiatra privilegia o humano em seu projeto de saúde mental. Vítimas do terror são indivíduos que passam por uma experiência de enorme potencial traumático, de um Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Após 20 anos ainda ficamos impactados com as imagens dos ataques ao World Trade Center, ao Pentágono e à notícia do avião derrubado na Pensilvânia, provavelmente após uma resistência dos passageiros. São cenas que devem ser lembradas em seu aspecto histórico, mas ainda de enorme potencial traumático para seus sobreviventes e testemunhas.

José Paulo Fiks