Setembro Amarelo, o que pode nos ajudar com o suicídio

Por Marcelo Feijó de Mello

O suicídio é um problema de saúde pública, multicausal, influenciado por fatores como transtornos mentais, questões sociais, existenciais, psicodinâmica e genética. Cerca de 75% dos suicídios no mundo ocorrem em países de rendas baixas ou médias, que inclui o Brasil. O mais preocupante é que enquanto o suicídio vem decrescendo no mundo (-36% entre 2000 e 2019), no Brasil este número vem crescendo ano após ano. Segundo o DATASUS houve um aumento de 35% entre 2011 e 2020.

O decréscimo das taxas de suicídio no mundo, tem direta relação com a adoção de medidas preventivas em alguns países. O suicídio pode ser prevenido. Os dados brasileiros mostram que não estamos conseguindo aplicar esta prevenção do suicídio.

A prevenção é efetiva com medidas de baixo custo e simples. São medidas efetivas: 1) dar suporte e reabilitar pessoas que fizeram tentativas de suicídio (TS – uma pessoa que fez uma TS tem 20 vezes mais chances de completar o suicídio). 2) Melhorar o diagnóstico e tratamento dos portadores de transtornos mentais, 3) Diminuir o estigma com relação a doença mental e o suicídio da população, mas também dos profissionais de saúde, 4) identificar e reduzir a disponibilidade e acesso a meios que possam levar ao suicídio; 5) Aumentar o conhecimento das pessoas sobre os transtornos mentais para facilitar um intervenção precoce, 6) Auxiliar a mídia como reportar o suicídio, 7) Incentivar a pesquisa sobre suicídio, 8) Treinar lideranças a lidar com o tema e 9) dar suporte a familiares e pessoas próximas a um suicida.

Todas são medidas aparentemente fáceis, mas que esbarram no medo e no estigma sobre o tema. A campanha do setembro amarelo que já é disseminada é um passo fundamental, que permite que se fale sobre o assunto, se divulguem os dados e a possibilidade de prevenção de mortes tão trágicas. A sociedade brasileira precisa urgentemente se comprometer com o tema.