RESILIÊNCIA E O TRAUMA PSÍQUICO

Resiliência passou a ser um conceito comumente usado quando tratamos do campo do trauma psíquico. Mas você sabe realmente o que é resiliência? Emprestado da física, a resiliência pode ser entendida como uma resistência de determinados materiais para retornarem às suas características básicas após sofrerem determinada pressão com potencial de ruptura.

No campo do trauma psíquico, este significado deve ser visto com um olhar mais cuidadoso. A possibilidade de uma pessoa ser resiliente envolve o tipo de trauma sofrido. Sabe-se que violências interpessoais, especialmente em ambiente doméstico são mais difíceis de superar do que situações que envolvem o coletivo, como em catástrofes ambientais. Isto deixa em desvantagem as mulheres, crianças e idosos, que costumam sofrer mais neste espaço íntimo. Na atmosfera doméstica geralmente predomina o silêncio, a ameaça próxima e a solidão. No ambiente comunitário a empatia e a vontade de superar é geralmente mais acolhedora.

O apoio religioso e o social são fundamentais para que alguém possa ser resiliente após eventos traumáticos, embora não haja garantias. Tudo depende do impacto do acontecimento e das reações biológicas imediatas. Pessoas que permanecem conscientes elaboram a crise e partem para a superação. Costumam ser mais resilientes.

Ainda do ponto de vista biológico, indivíduos que são mais flexíveis do ponto de vista dos afetos apresentam maior capacidade de enfrentamento para situações traumáticas. Isto envolve aceitar e falar sobre emoções e sentimentos, compartilhar sua dor com os outros, desde que essa escuta seja cuidadosa.

Por isso é necessário um apoio imediato e bem treinado em saúde mental após um evento com potencial traumático. Geralmente é desta qualidade de atendimento que a resiliência poderá se manifestar de forma mais plena.

José Paulo Fiks.