O ESTRESSE É SEMPRE NOCIVO?
Bruce McEwen morreu em janeiro do ano passado, mas deixou um enorme legado no campo da pesquisa sobre ESTRESSE. Atuando desde a década de 1950, este pesquisador, como químico fez estudos dos vários hormônios envolvidos no estresse. Como biólogo, McEwen foi um dos maiores estudiosos sobre o impacto do estresse em nossas vidas.
Para este autor o estresse em alguma intensidade pode ser benéfico ao nosso organismo, mas de forma variável e individual também pode se transformar em uma carga excessiva para nós e assim desencadear várias patologias.
McEwen criou uma verdadeira família de neurocientistas. Um dos alunos queridos foi Robert Sapolsky que herdou do mestre o título de maior estudioso no campo do estresse. E Sapolsky reafirma as palavras do mestre: determinada carga de estresse pode nos fortalecer pelo aprendizado.
Mas McEwen se irritava quando o conceito de estresse era utilizado de forma banal e errada. O autor foi pioneiro em demonstrar que nosso cérebro é plástico, moldável mesmo após eventos de grande estresse. Mas também foi o primeiro a alertar que estresse na infância pode ser determinante de um desenvolvimento comprometido e, na velhice um possível acelerador das perdas cognitivas. McEwen realizou os primeiros estudos sobre o poder inflamatório crônico do estresse, além de confirmar sua carga negativa para o metabolismo.
Enfim, afirma McEwen há o “bom estresse”, um segundo tipo “tolerável”, em que o sinal de alarme pode ser soado e, um terceiro, definitivamente tóxico.
Poucos sabem, mas como neurocientista McEwen foi consultor para criadores de videogames tendo como meta o uso do jogo para o alívio do estresse.
José Paulo Fiks