O ESTADO DE CHOQUE

É frequente assistirmos em filmes, seriados ou escutarmos em informações jornalísticas que determinada pessoa foi encaminhada em “estado de choque” para um pronto atendimento após um evento traumático.

E como realmente se caracteriza esse quadro?

“Estado de choque” geralmente é uma referência ao que a psiquiatria entende como um Transtorno de Estresse Agudo (TEA), quadro imediatamente pós-traumático que se caracteriza por alterações biológicas como: variação de pressão arterial, modificações na temperatura corporal, alterações na pulsação cardíaca, alterações hormonais (cortisol), descargas de adrenalina, além de outras mudanças de parâmetros orgânicos.

Do ponto de vista psíquico, o quadro de TEA pode se apresentar na forma dissociativa. Isto geralmente se refere a um entorpecimento que decorre imediatamente após experiências traumáticas. Essa é a forma mais comum do dito “estado de choque” e envolve a ideia de incapacidade para que a mente entenda e supere a experiência traumática recém acontecida.

Vivências de “desligamento” da consciência, estranheza, automatismo nas atitudes, impressão de uma vida paralela, intrusões de memórias, alteração da percepção do tempo, além de uma incapacidade para controlar afetos podem fazer parte dessa apresentação.

O quadro é delicado e exige cuidados imediatos. Um isolamento protetor, conforto físico, hidratação, dieta leve, companhia de preferência por pessoas próximas ao círculo social, alívio térmico e exames para afastar um quadro confusional de base orgânica (demências, infecções, traumatismo craniano) são as ações imediatas e obrigatórias. Algumas medicações também podem auxiliar na organização do psiquismo e devem ser prescritas de forma cuidadosa.

O quadro pode apresentar uma evolução benigna, com uma superação do evento traumático. O paciente deve ser seguido de perto por especialistas, pois a possível cronificação do TEA pode indicar o surgimento de formas mais graves do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

José Paulo Fiks.