A AGRESSÃO
Um dos maiores desafios no campo do trauma psíquico é uma medida do impacto de uma experiência potencialmente traumática. Muitas situações consideradas terríveis podem não desencadear o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Outras que possam ser consideradas banais muitas vezes precipitam essa doença. Portanto não devemos julgar se determinado evento é mais ou menos pior, pois tudo depende da vivência subjetiva do indivíduo que passou pela experiência.
Podemos classificar atos de agressão pela sua intensidade de destruição. Certa agressividade é inata ao homem e corresponde à delimitação de espaço, de proteção mínima para a sobrevivência. É fácil entender uma mãe que reage agressivamente para defender um filho. É uma resposta automática e natural.
Mas há atos de violência que indicam uma intensidade maior que a simples sobrevivência. Violência no trânsito ou no esporte são eventos corriqueiros do cotidiano, mas indicam algo além da tentativa de garantias mínimas de segurança. São atitudes de dominação e remetem à vontade do poder.
Há ainda uma violência maior, no campo da plena destruição, da desconsideração do outro, como em casos de racismo ou situações de dominação pela força, como em políticas de terror. Geralmente esses acontecimentos são os que mais propiciam o TEPT.
É importante a constatação e a consciência das situações acima. Isto facilita uma ação preventiva e educadora. Mais do que classificar a agressão por um juízo de intensidade é importante compreender seu potencial para causar um transtorno mental.
José Paulo Fiks.