Bebês reborn: afeto, fantasia e os limites da realidade

By 28 de maio de 2025 TEPT

Bebês reborn: afeto, fantasia e os limites da realidade

Por Marina Iantevi

Nos últimos tempos, cresceu o número de adultos que compram e cuidam de bonecas hiper-realistas que imitam bebês. Algumas pessoas alimentam, embalam, simulam consultas médicas e até partos. Esse fenômeno tem chamado atenção — e dividido opiniões.

Para alguns, o bebê reborn é um instrumento de expressão afetiva, alívio emocional ou forma simbólica de lidar com perdas e frustrações. Em tempos de vínculos frágeis e solidão crescente, não surpreende que estratégias alternativas de conforto ganhem espaço. Há quem encontre ali uma maneira de cuidar, de pertencer, de elaborar dores.

Por outro lado, há situações que levantam alertas: quando a fantasia substitui a realidade, quando o investimento emocional é tão intenso que compromete a vida cotidiana, ou quando o uso da boneca vira uma fuga constante de conflitos reais. Nesse ponto, é importante refletir: qual a função que esse objeto está ocupando? Ele aproxima ou afasta a pessoa do mundo real?

Nem toda excentricidade é sinal de adoecimento. Mas também não se deve romantizar comportamentos que podem indicar sofrimento psíquico.

Talvez o mais importante seja isso: escutar antes de julgar. E, a partir daí, compreender o que está em jogo — na singularidade de cada história.

 

Imagem: gerada no Canva
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