A caminho da Paz
Por Cecilia Zylberstajn e Andrea Feijó
Assistimos na semana passada à implementação da primeira fase de um processo de paz entre Israel e o Hamas. As tropas israelenses se retiraram de partes de Gaza e muitos moradores puderam voltar para suas casas, hoje escombros.
Do lado israelense, vimos o retorno dos vinte reféns às suas famílias, mantidos em cativeiro por dois anos, além dos corpos de reféns assassinados.
Em Gaza, houve celebrações nas ruas festejando o fim da guerra, com fotos compartilhadas de casas remanescentes e crianças dormindo em suas camas sem o som de bombas.
Conflitos como esse representam um evento traumático prolongado, que é um fator de risco para transtornos mentais como o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Diversos estudos já foram publicados revelando o custo da guerra de dois anos na saúde mental de ambos os lados do conflito. Enquanto a guerra está em curso, fica difícil pensar em recuperação, uma vez que a ameaça é constante.
Para os habitantes de Gaza, esse cessar-fogo representa a chance de reconstrução em contraste com o cenário devastador, de guerra e inúmeras perdas. Em Israel, a possibilidade de reunião dos reféns e suas famílias e o possível ritual do sepultamento dos corpos dos reféns mortos.
Para que um trauma possa ser processado, ele precisa pertencer ao passado. Enquanto a ameaça existe, nosso corpo e nossa mente precisam estar em um estado de defesa. Quando a ameaça cessa, podemos iniciar a recuperação, individual e coletivamente.
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Imagem: Pexels
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